domingo, 10 de março de 2013

A novidade veio dar a praia


Ilustração royalty-free: mermaid


Estou em pé diante da porta. Eu sei o que tem lá dentro: primeiros dentinhos do Pê, novas tatuagens com significados intensos, volta aos estudos, começo de um novo trabalho, saída do trabalho anterior, retomada de uma rotina de exercícios, introdução de alimentos na vida do pequeno. 
Sei o que tem aqui fora: uma mulher de barro, feita e refeita no forno pela gravidez, pelo parto, pelo filho, pelo leite jorrando do peito, pelos muitos encontros internos. Aqui fora sou três: uma criança, uma mãe, e uma velha. Sou a bruxa que nunca fez um feitiço. 
O que eu desconheço e me deixa aqui com os olhos arregalados olhando pra porta é como vai ser o encontro da mulher de barro com a novidade viva, pulsante, orgânica, fluida.  Quero saber usufruir sem guerra, sem estraçalhar ninguém. Quero a sereia inteira, que ela cante pra mim, que me beije com paixão, me carregue com ternura. Não quero comer do seu rabo, quero que ela me ajude a plantar, colher e preparar. Quero que ela me ensine a amá-la e a deixá-la ir quando for a hora, quando eu estiver diante de outra grande porta como essa, com calma e com o coração aberto pro próximo ser mágico que me vier.   

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