O texto de hoje não tem
pensamento em poesia. São só reflexões de uma mãe bebê, com três meses e pouco
de idade.
Para dar o melhor para o meu
filho não gasto dinheiro diretamente. Acabo gastando mais com coisas que a
maioria gasta menos, sendo o oposto também verdadeiro. Mas meu maior gasto é
com o tempo. Me proponho a estudar educação infantil e a desenvolver e acreditar
na minha intuição e isso requer tempo em diferentes níveis.
Estou aqui todo dia, observando,
amando, conhecendo, testando. É preciso se organizar e também de ajuda.
Acompanhar um ser no caminho da vida é o exercício da espera, só o abacateiro
sabe quando o tempo trás seu abacate. Quando olho outra pessoa, principalmente
quando é meu filho, nunca conseguirei olhar diretamente pra ele, olho por uma
lente que faz parte de mim. Olho com meu olho sujo de mim mesma. É preciso
doses infinitas de tempo cotidiano e de tempo abacateiro para que eu conheça e
reconheça cada cisco que não é dele. Se não é dele é meu, e isso dói e me traz
a bela oportunidade de limpar.
Eu leio, as pesquisas me mostram
o que é prejudicial e o que parece ser melhor. As opiniões baseadas em lógica e
em amor são recheadas de bom senso. O que nada disso me mostra é como é meu
filho e do que ele precisa. Eu sou encantada por muitas teorias humanistas e de
educação livre, acho lindíssimo e sonho com uma família assim. Mas essa é uma "sujeira
no meu olho". Na época em que estamos, eu e meu pequeno, encontro textos
lindos na rede, em livros e artigos sobre como a relação entre a mãe e o bebê
era livre na pré-civilização e como nossa fisiologia funciona, e assim deveríamos
tentar nos aproximar da caverna o máximo que pudermos. Acho muito importante se
lembrar disso neste mundico veloz de androides, mamadeiras, babás e carrinhos
de 4 mil reais, mas na minha experiência tentar seguir isso por que se mostra
melhor para os bebês foi uma armadilha da qual ainda não saí.
Minhas reflexões pessoais me
fizeram lembrar que há poucas gerações os bebês nasciam de olhos fechados e as
primeiras tentativas de palavreado eram comuns depois de um ano de idade. Os
bebês que nascem hoje não são como os que nasceram a milhares de anos! Existe
algo neles que a humanidade nunca viu antes, e os filhos deles também trarão
uma novidade. Não posso dizer, por simples falta de sabedoria, em que âmbito do
humano esse novo bebê é diferente, mas através da minha experiência afirmo que
é preciso ter cuidado para não colocar qualquer teoria, mesmo essa minha, na
frente da cara do seu filho.
Olha pra ele! Ele quer mesmo
dormir grudado no seu corpo ou prefere ficar no bercinho ao lado da cama? Ele
quer mesmo ser criado livre ou precisa de um direcionamento e muitas regras?
Ele quer te pedir pra mamar ou prefere que você ofereça? Ele quis nascer na
água ou precisou ser retirado por cirurgia? É difícil quando perco o controle,
é difícil olhar e ver que ele não vai simplesmente aceitar e concretizar meu
sonho, que ele não é a estatística de uma boa pesquisa nem a opinião amorosa de
um bom educador. Por isso preciso de tanto tempo, pra conhece-lo e a partir
dele cultivar minha intuição. Só assim, com todas estas ferramentas e olhares,
é que poderei ser uma boa mãe. Uma mãe melhor, não do que você, mas do que eu
seria se fosse cega sendo levada pela boiada como mais uma vaca na paisagem da maternidade.
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