terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Ele não é isso nem aquilo




O texto de hoje não tem pensamento em poesia. São só reflexões de uma mãe bebê, com três meses e pouco de idade. 
Para dar o melhor para o meu filho não gasto dinheiro diretamente. Acabo gastando mais com coisas que a maioria gasta menos, sendo o oposto também verdadeiro. Mas meu maior gasto é com o tempo. Me proponho a estudar educação infantil e a desenvolver e acreditar na minha intuição e isso requer tempo em diferentes níveis.

Estou aqui todo dia, observando, amando, conhecendo, testando. É preciso se organizar e também de ajuda. Acompanhar um ser no caminho da vida é o exercício da espera, só o abacateiro sabe quando o tempo trás seu abacate. Quando olho outra pessoa, principalmente quando é meu filho, nunca conseguirei olhar diretamente pra ele, olho por uma lente que faz parte de mim. Olho com meu olho sujo de mim mesma. É preciso doses infinitas de tempo cotidiano e de tempo abacateiro para que eu conheça e reconheça cada cisco que não é dele. Se não é dele é meu, e isso dói e me traz a bela oportunidade de limpar.

Eu leio, as pesquisas me mostram o que é prejudicial e o que parece ser melhor. As opiniões baseadas em lógica e em amor são recheadas de bom senso. O que nada disso me mostra é como é meu filho e do que ele precisa. Eu sou encantada por muitas teorias humanistas e de educação livre, acho lindíssimo e sonho com uma família assim. Mas essa é uma "sujeira no meu olho". Na época em que estamos, eu e meu pequeno, encontro textos lindos na rede, em livros e artigos sobre como a relação entre a mãe e o bebê era livre na pré-civilização e como nossa fisiologia funciona, e assim deveríamos tentar nos aproximar da caverna o máximo que pudermos. Acho muito importante se lembrar disso neste mundico veloz de androides, mamadeiras, babás e carrinhos de 4 mil reais, mas na minha experiência tentar seguir isso por que se mostra melhor para os bebês foi uma armadilha da qual ainda não saí.

Minhas reflexões pessoais me fizeram lembrar que há poucas gerações os bebês nasciam de olhos fechados e as primeiras tentativas de palavreado eram comuns depois de um ano de idade. Os bebês que nascem hoje não são como os que nasceram a milhares de anos! Existe algo neles que a humanidade nunca viu antes, e os filhos deles também trarão uma novidade. Não posso dizer, por simples falta de sabedoria, em que âmbito do humano esse novo bebê é diferente, mas através da minha experiência afirmo que é preciso ter cuidado para não colocar qualquer teoria, mesmo essa minha, na frente da cara do seu filho.

Olha pra ele! Ele quer mesmo dormir grudado no seu corpo ou prefere ficar no bercinho ao lado da cama? Ele quer mesmo ser criado livre ou precisa de um direcionamento e muitas regras? Ele quer te pedir pra mamar ou prefere que você ofereça? Ele quis nascer na água ou precisou ser retirado por cirurgia? É difícil quando perco o controle, é difícil olhar e ver que ele não vai simplesmente aceitar e concretizar meu sonho, que ele não é a estatística de uma boa pesquisa nem a opinião amorosa de um bom educador. Por isso preciso de tanto tempo, pra conhece-lo e a partir dele cultivar minha intuição. Só assim, com todas estas ferramentas e olhares, é que poderei ser uma boa mãe. Uma mãe melhor, não do que você, mas do que eu seria se fosse cega sendo levada pela boiada como mais uma vaca na paisagem da maternidade.                                                               

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por participar!