terça-feira, 8 de janeiro de 2013

GUEST POST: A nova era em mim, uma nova era de mim






Por Marianne Lima M.


Eu, senhora do meu destino, rainha do meu caminho, xamã das minhas curas, mãe das minhas escolhas, preta-velha das minhas preces, santa das minhas orações, militante da minha história. Eu, sangue do meu punho, me descubro no calvário e martírio de ser além da mulher, além do homem. O peso de ser humanidade. Me faço e me faço a cada trajeto, a cada esquina, a cada parada. Me refaço no coração e na mente. Me refaço no riso e na lágrima. Me refaço na dor e no êxtase da vida. Me refaço na pele e nas entranhas. Me sou estranha. Às vésperas do século do meu nascimento, esta nova eu me fala como sábia, porque é sábia, que tudo é parte da história que não é só minha, é de todos nós. É a história das minhas descobertas de mim, é a história do meu eu no outro, do outro em mim, história humana, poetizada nos versos da emancipação feminina, e da masculina. Eu, sedenta de prazer e poço legítimo de desejos libertários, quero mais! Quero desbravar o mundo, desbravar o âmago, desbravar minhas possibilidades. Incendiar a discórdia. Incomodar! Musa do desatino, da contradição! Inatingível, frágil, insaciável... Quero pintar num quadro vivo da minha forma disforme o relexo dessa sociedade hipócrita, que também está inteira em mim, que me contém, que me engole, e a qual eu engulo, como, mastigo. “Não seja!”, “Não faça!” “Não transe!” “Não ame!” “Não queira!” “Não questione!” “Não vá!”. Mas eu fui, do verbo ir. Eu fui, do verbo sou. Eu vou do verbo posso ser. Ser o que não conheço, mas reconheço, e desconheço. Pois é um outro começo de mim... Em que me vejo madura, certeira, serena e destemida. Numa insurgência interna, uma auto-insurgência, que se encontra na plenitude com a tua. E se funde como uma só. Uma plena insurgência! Venha minha nova era... Revolucione! Sinta latejar no teu ventre as possibilidades das tuas asas, da tua força, dos teus pulmões, do teu céu, do teu bando. Sinta o sal das tuas lágrimas escreverem triste e alegremente no teu rosto “Amor!”. Sinta o movimento dos teus quadris, daquele que sente e do que proclama, recitarem “Livre!”. Sinta o brilho dos teus olhos exclamar “Vida!”. Mal posso esperar para sentir meus mistérios doces sorrirem nos teus lábios maliciosos. Mal posso esperar para degustar o gosto do mel sedutor da nossa saliva. Mal posso esperar para te encontrar, e nos ouvir dizer:
- Prazer, Primavera!


Marianne Lima Martins




2 comentários:

  1. Gosto muito desse texto e acho que retrata o sentimento de muitas mulheres que buscam, de diferentes formas e por diferentes caminhos, serem livres.
    Valeu a divulgação Pati!

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