quinta-feira, 11 de abril de 2013

Atropelos



Meu filho é o primeiro da sua geração na minha família. O primeiro neto, sobrinho, e meu primeiro filho. Na minha família isso provocou um efeito, acho que por causa da comoção de ver a família começar a atravessar o tempo. Aconteceu que as pessoas se perderam nos seus papéis. Antes de o Pedro chegar, tínhamos bem definidas certas coisas, como que cada um sabe de sua vida, e que nós, como família, iríamos nos apoiar incondicionalmente. Mesmo que não concordássemos com as escolhas do outro. E agora tenho uma imagem na minha mente de todos correndo de um lado pro outro, sem lugar diante do Pedro. E me atropelando. 
Eu sei exatamente qual o lugar do meu filho nesta família, ele é só um bebê, e o lugar dele é no meu colo. Isso tem um significado importante, o lugar dele é onde eu estava antes, onde eu estou, e depende de mim. Por enquanto, e ainda por muito tempo, o lugar dele é o meu. Se querem alcançá-lo sem me ver, me machucam.
As decisões que eu tomei na minha vida, mesmo que minha família não tenha concordado, ou entendido, mesmo que meus pais tenham achado que não ia dar certo, em todas elas eu recebi apoio, algumas foram bancadas financeiramente pelos meus pais, e bancadas emocionalmente também, não só por meio de palavras, mas de atitudes (comportamento e postura).
E agora, com meu filho nos braços, tomando minhas decisões que não mais dizem respeito apenas à minha vida, sinto que o apoio incondicional não é tão natural como era. E não estou me referindo à apoiar meu discurso, que é realmente muito bonito. Mas apoiar e incentivar minha maternagem.
Que vejam como eu dou banho e visto meu bebê, como eu o carrego e brinco com ele, como eu o cheiro e o desejo, como eu o amo e quero bem. Como eu quero ficar com ele no meu colo e eu quero trocar suas fraldas molhadas. Como ele morde meu queixo e gargalha quando eu beijo sua barriga. Como eu cuido do seu choro e do seu reclamar. Como eu deixo que ele se relacione com outras pessoas nas quais eu confio. Como eu o visto no frio ou no calor. Como eu decido que é hora de pegar no colo ou se eu o deixo reclamar mais um pouquinho. Todas estas coisas são minhas escolhas, minhas decisões, minha maneira de ser e cuidar. Assim que eu sou (mãe). Que observem, apenas. Desejo ser respeitada nisso, muito respeitada, e quando respeitam minha maternagem, estão respeitando meu filho.
Olhar e não interferir, só me observar sendo mãe, e se eu precisar que façam alguma coisa, que me ajudem se puderem. Pessoas da minha família nunca me observaram fazendo algumas dessas coisas, por puro atropelo. É disso eu sinto falta. Parece querer demais, mas sei que minha família está pronta pra isso, talvez estejam apenas meio perdidos.
Então que parem, e olhem. Me vejam sendo mãe. E se querem pegar meu filho nos braços, que olhem nos meus olhos primeiro. Essa é a ordem natural das coisas.



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