Quando eu digo que
pari em casa, muitas vezes recebo de volta um 'corajosa'.
Não sei se a coragem que me atribuem é por ter enfrentado a dor do parto de
cara limpa ou se é por ter arriscado a minha vida e a do meu filho por causa de
um modismo (como diria Alexandre Garcia).
Sou corajosa mesmo, mas não por ter arriscado a vida de ninguém, pois sou
corajosa mas não sou burra. Quem ainda acha que parto domiciliar é um modismo idiota deveria se informar antes de falar
sobre algo que não conhece. Posso indicar livros, textos, sites e autores se
quiser.
E a dor do parto... bem, parir dói. Em casa ou em qualquer lugar, cesárea ou
normal, não tem como fugir. Dá pra amenizar, adiar, mas parir sem dor são pra
poucos partos naturais. Parir sem anestesia dói mais mesmo, foi preciso
coragem.
E coragem, bem, pra ter um filho é preciso coragem, e estou treinando minha
coragem desde que vi as duas listinhas no teste de gravidez. É preciso coragem
pra vomitar tudo o que come por 4 meses e manter a sanidade mental, pra olhar
no espelho e presenciar o trabalho do seu corpo construindo um ser humano nas
suas entranhas, pra pensar em uma forma de reorganizar sua vida e seus
relacionamentos, pra olhar pra dentro e ver sombra e luz.
É preciso coragem pra perder aquela barriga enorme do dia pra noite, de ver ela
murcha e flácida. Coragem pra dar o peito rachado na boca de uma criança que
suga com uma força que não condiz com sua pequenez. É preciso coragem para
pegar um bebê pequenininho no colo e sentir tanto amor, tanta paixão por um
serzinho que não te dá nada além da luz da sua própria existência. Sou muito
corajosa, pois a coragem é um ato de cada vez, e no fim de um dia, meu ser é
todo coragem, pronta para mais, pronta pro amor e pra entrega. Pra se entregar
deste jeito, é preciso.
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