domingo, 27 de janeiro de 2013

Corajosa, você!




Quando eu digo que pari em casa, muitas vezes recebo de volta um 'corajosa'. 


Não sei se a coragem que me atribuem é por ter enfrentado a dor do parto de cara limpa ou se é por ter arriscado a minha vida e a do meu filho por causa de um modismo (como diria Alexandre Garcia). 



Sou corajosa mesmo, mas não por ter arriscado a vida de ninguém, pois sou corajosa mas não sou burra. Quem ainda acha que parto domiciliar é um modismo idiota deveria se informar antes de falar sobre algo que não conhece. Posso indicar livros, textos, sites e autores se quiser. 

E a dor do parto... bem, parir dói. Em casa ou em qualquer lugar, cesárea ou normal, não tem como fugir. Dá pra amenizar, adiar, mas parir sem dor são pra poucos partos naturais. Parir sem anestesia dói mais mesmo, foi preciso coragem. 

E coragem, bem, pra ter um filho é preciso coragem, e estou treinando minha coragem desde que vi as duas listinhas no teste de gravidez. É preciso coragem pra vomitar tudo o que come por 4 meses e manter a sanidade mental, pra olhar no espelho e presenciar o trabalho do seu corpo construindo um ser humano nas suas entranhas, pra pensar em uma forma de reorganizar sua vida e seus relacionamentos, pra olhar pra dentro e ver sombra e luz. 

É preciso coragem pra perder aquela barriga enorme do dia pra noite, de ver ela murcha e flácida. Coragem pra dar o peito rachado na boca de uma criança que suga com uma força que não condiz com sua pequenez. É preciso coragem para pegar um bebê pequenininho no colo e sentir tanto amor, tanta paixão por um serzinho que não te dá nada além da luz da sua própria existência. Sou muito corajosa, pois a coragem é um ato de cada vez, e no fim de um dia, meu ser é todo coragem, pronta para mais, pronta pro amor e pra entrega. Pra se entregar deste  jeito, é preciso.

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